quinta-feira, 12 de março de 2009

Olho por olho - Uma nação de cegos.

No instante exato em que atravesssei a porta, tive aquela estranha sensação de já ter vivido aquilo, mesmo sem ter sonhado, sabia que já havia passado por isso. Indiscutivelmente, aquele era o mesmo ponto de vista! Eu sempre tive o que eu chamo de "vivência cíclica". Outros chamam de dèja-vu, eu chamo de redundância! Algumas vezes eu sabia o nome do filme que iria passar, pois já havia pensado nele antes de ver os comerciais, em outras, podia jurar já ter ouvido aquela conversa antes; Fato: isso não me serve de nada, mas eu iria descobrir, que no futuro, saberia conviver com isso.

Me contive a um metro do bar, havia alguém me olhando, parece que eu não tinha passado desapercebido para ele, eu tinha esta mesma idéia, quando percebi que somente eu o havia notado.

- 2 cervejas por favor!! - Seria horrível pensar de mãos vazias.

Não precisei perguntar se poderia me sentar, apenas ofereci a cerveja, então, nos fitamos por algum tempo. Ainda não fazíamos idéia do que estavamos fazendo ali, mas eu sabia que esperar, era a única alternativa.
Nos viramos para a porta meio segundo depois, de seus cabelos ondulados até o ombro, parecia emanar algum tipo de luz opaca, e com certeza, ela era diferente... Mas apenas, diferente das outras pessoas, já que ao que me pareceu ela não foi notada, exatamente como nós, exatamente como nós, ela pareceu nos notar de imediato; mas permaneceu imóvel.

Foi quando quando senti o livro fugir de minhas mãos, ao que me parece em um milésimo de segundo ele estava sob as mãos do borrão, na verdade, um senhor de meia idade, o mesmo borrão que estivera a centímetros da garota com cabelos opacos havia se desviado para apanhar o livro - mais um livro banal de auto-ajuda - que eu havia encontrado semanas antes, em minha mochila. qundo voltei a olhar apra a garota, agora ela nos olhava com fúria, pude ouvir algo como um rosnado ecoando em minha cabeça antes de ela desaparecer novamente pela porta em meio ao amontoado difuso de formas. Quando tornei a me virar para o meu novo "amigo", percebi que seus olhos brilhavam num tom de verde muito sutil, quando ele apontou para a parede de espelhos que estavam a esquerda de nossas mesas precisei piscar, pois a mesma luz fulgurava em meus olhos. Logo depois, conforme meus olhos retornaram ao castanho original, percebi pelo espelho que no lugar da estranha massa, agora, só existiam pessoas, pude ver um senhor confuso, argumentando que aquele livro não estava ali antes.

Ao olhar para mesa e para o meu companheiro, vi a mesma cara de confusão e prazer. Quando baixamos os olhos aonde não havia nada antes, agora sobre a mesa estava um pedaço de papel... "Vocês trabalham para o destino, vocês são o destino".

Agora era real. Eu realmente tinha enlouquecido.

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